Da barbárie do discurso do mundo à fenomenalidade da vida
a linguagem (in)direta da revelação em Michel Henry
Mots-clés :
fenomenalidade, linguagem, poética, vida, sentidoRésumé
A presente investigação visa debruçar-se sobre o caráter eminentemente linguístico da fenomenalidade da vida tendo como inspiração alguns escritos filosóficos do pensador francês Michel Henry. A escolha da temática não é fortuita, uma vez que o próprio autor admite que a linguagem não é apenas um dos temas recorrentes do pensamento no século XX, mas que em mais alto grau interessa à sua própria investigação ao mesmo tempo que a novidade do Logos feito carne do cristianismo não perdera sua atualidade no contexto da filosofia hodierna. A partir do pensamento do autor, trata-se de colocar em questão o poder de destruição e o niilismo a que se encontra subjugada a vida por conta do paradoxal cultivo de um modo/linguagem mundano de ser que está na origem da cultura de morte a proliferar na contemporaneidade. Pretende-se, outrossim, focar no ineditismo da linguagem que emerge da essência da manifestação [da vida] em relação ao discurso ainda tendencialmente desencarnado implícito na fenomenologia histórica de Husserl e de Heidegger. Em contato com o pensamento de Henry, trata-se de tirar a vida do esquecimento a ponto de se poder reabilitar o Logos que se faz carne como linguagem (in)direta da revelação, uma vez que a vida resiste terminantemente à transparência do conceito. A revelação, portanto, contrapõe-se a toda forma de linguagem direta e violenta contra a vida, fruto da idolatria da Razão que subjaz a certos discursos científicos, filosóficos e teológicos da atualidade.