UMA NOVA IMAGEM DE PESSOA?
NEUROCIÊNCIAS E FILOSOFIA: POSSIBILIDADES E LIMITES
Mots-clés :
Neurociência, Pessoa e consciência, Livre-arbítrio e determinismo, Ente vivo e neuroéticaRésumé
Existe um Eu que é senhor sobre a sua própria casa, o corpo, ou toda a realidade pessoal se reduz a um conjunto de ordem neurofisiológica? Há consenso no meio científico de que é por meio do cérebro que ocorrem todos os processos mentais; não na alma, na acepção dos dualistas clássicos, como substância separada e acima do organismo. O Eu em sua capacidade de livre escolha, porém, permanece um mistério não decifrado. Neurofilósofos de orientação naturalista propõem que liberdade e determinismo cerebral são compatíveis e, em seu entender, essa posição permite que – com limites – se prossiga falando de responsabilidade dos seres humanos por decisões. O fenômeno consciente e do livre-arbítrio não são prodígios do acaso, mas também não são meros produtos de uma causalidade linear. Situam-se no ser, que é sempre maior que a soma de todas as partes, ou seja, não reduzíveis ao seu cérebro. As ponderações acerca dos resultados e interpretações em torno das pesquisas do cérebro são, hoje, lugar privilegiado para uma neuroética com visão integral de pessoa e auxiliam a que se observem as possibilidades e os limites das neurociências.