A mística como método
leituras a partir da fenomenologia material de Michel Henry
Palabras clave:
Vida, Imanência, DeusResumen
Mergulhando nas profundezas da nossa imanência, recorremos à ajuda de um autor que é uma influência maior no pensamento de Michel Henry: Mestre Eckhart ou Eckhart von Hochheim, comumente conhecido como Meister Eckhart, um alemão teólogo, filósofo e místico da ordem dos frades dominicanos (Ordem dos Pregadores). Pertencente à designada mística renana (rio Reno na Alemanha), propunha uma leitura gnóstica do cristianismo que lhe custou um julgamento por heresia pelo papa João XXII. Nesta óptica, Cristo coincidiria conosco (Deus e o meu fundo coincidem). O nosso itinerário propõe-se seguir a via da mística como acesso à imanência ou o “fundo” da nossa alma, e Eckhart parece convidar-nos à consideração do ser, na sua essência, como algo invisível e inefável, uma crítica ao conhecimento racional tradicional que não seria mais do que um mostrar-se, um “ver”. Quanto mais se procura Deus, menos se encontra porque a perceção provoca um distanciamento entre sujeito e objeto, mais ainda, o conhecimento pela via da perceção torna-se num obstáculo porque o conhecimento objetivo encobre o verdadeiro conhecimento que é o conhecimento de Deus. A ideia de Vida absoluta henryana mostra que a nossa união com Deus só se torna possível por haver um “chão comum” – um estofo – e este fundo comum é a Vida, não em sentido abstrato, mas como a autoprova que cada um de nós faz dela, isto é, de si mesmo.