Nem conversa mole nem fim da estrada
por uma hermenêutica da linguagem em canções do fim do mundo
Palavras-chave:
Apocalipse, Hermenêutica, Fim do mundo, Letra e música, BrasilResumo
Este artigo trata do apocalipse, mais na concepção de fim do mundo do que de revelação, em letras de músicas que são cantadas e ouvidas no Brasil, tanto as do cancioneiro popular como uma das que pertencem, particularmente, à hinódia evangélica. Por meio de pesquisa bibliográfico-documental e de caráter exploratório, nosso objetivo primário é aferir algumas consequências subjetivas, religiosas e sociais das múltiplas formas de se acreditar no fim do mundo apocalíptico e de se apropriar dele. Quanto aos objetivos específicos, a discussão percorre duas direções complementares: (1) identificar o conhecimento socialmente compartilhado no Brasil a respeito do fim do mundo, por meio das letras de algumas canções, bem como compreender como o povo brasileiro canta a respeito do fim do mundo, com diferentes respostas ao mesmo dilema, desde rezar em absoluto até abraçar os prazeres mais imediatos; (2) com base na hermenêutica de Paul Ricoeur, investigar quais são as possíveis intencionalidades e consequências das interpretações nas canções do fim do mundo.Como método, o conceito de linguagem simbólica é apropriado para explorar as formas pelas quais diferentes possibilidades interpretativas realizam formas diversas de apropriação, por exemplo, do texto apocalíptico de João, assim como implicam modelos de abertura ou fechamento para variedades outras de significação. Paradoxalmente, a etimologia de apocalipse, como revelação de coisas (futuras) por meio dos textos sagrados, desvela símbolos que trazem sentido em si mesmos, mas que também precisam ser pensados, já que continuam abertos à participação interpretativa de quem os lê (ou ouve).