Proclamação, Pacificismo e Resistência
DOI:
https://doi.org/10.22351/et.v64i1.2709Resumo
Para que exista um projeto claro e convincente de transformação social e política, as pessoas precisam ser a favor de algo, e não apenas contra aquilo que desaprovam, além de terem a capacidade de imaginar alternativas viáveis. É necessário imaginar um futuro que torne a resistência válida, mas essa capacidade está faltando porque nós, humanos, esquecemos quem somos. Dietrich Bonhoeffer afirma que a principal tarefa da teologia é compreender o mundo melhor do que ele se entende, a partir do evangelho e de Cristo. No coração do evangelho está o Sermão da Montanha, que ele resume como “a proclamação do amor encarnado de Deus”, que “chama as pessoas a amarem umas às outras e, assim, a rejeitarem tudo o que impede o cumprimento dessa tarefa”, sendo o maior obstáculo a incapacidade de amar os inimigos e renunciar à violência. Juntas, a proclamação e o pacifismo fornecem a base para uma teologia política para a igreja: a recapitulação de toda a criação na vida, morte e ressurreição de Cristo. Bonhoeffer enfatiza o papel da imaginação para sustentar uma resistência significativa ao mal, e ele associa a atual falta de imaginação da igreja à perda da memória moral. As características que os seres humanos precisam para florescer — justiça, verdade e beleza, em particular — exigem tempo e firmeza, que só são cultivados dentro de uma memória moral viva.