Bonhoeffer e a neoteocracia
Uma crítica à aproximação entre os “evangélicos” e a direita brasileira
Palavras-chave:
Dietrich Bonhoeffer, João Décio Passos, Neoteocracia, Direita BrasileiraResumo
Nos últimos anos, foi possível perceber um crescimento do número de candidatos evangélicos e do espaço que eles ocupam nas bancadas parlamentares. Sendo assim, houve – e ainda há – um movimento político que se identifica como direita e como cristã que tenta dominar o governo para instaurar o que João Décio Passos chama de neoteocracia, isto é, o governo de um líder religioso que representa o divino. Este fenômeno tem três crenças principais: um Deus pantocrator, uma guerra entre o bem e o mal e um líder mitológico. Estes aspectos também foram percebidos na Alemanha nazista e, por isso, a crítica bonhoefferiana ressurge como uma voz necessária para o Brasil atual. Diante do Deus pantocrator, Bonhoeffer argumenta que se deve viver no mundo em que Deus parece não estar; em uma perspectiva bélica e dual, Cristo é o centro de toda criação; por fim, o líder mitológico não passa de um sedutor que deseja ocupar o trono do Nazareno. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, o presente artigo tem por objetivo apresentar a crítica de Dietrich Bonhoeffer à aproximação entre religião e política, observada aqui no contexto das eleições brasileiras de 2018, na percepção de um alinhamento entre a direita brasileira e os “evangélicos”, com consequência para a democracia nos anos seguintes.