O ECUMENISMO COMO INSTRUMENTO DE AÇÃO AFIRMATIVA DO CENTRO ECUMÊNICO DE CULTURA NEGRA (CECUNE)
Palavras-chave:
CECUNE, Ecumenismo, Comunitarismo, Cooperativismo, ação afirmativaResumo
A história oficial registrada nos livros omite, muitas vezes, a história real do povo negro no Brasil. Apresentar a pessoa negra escrava como passiva é negar a capacidade de organização e luta que fez surgir grupos de resistência que garantiu e continua a garantir que valores culturais do povo negro perdurem até os dias de hoje, apesar das investidas violentas contra a sua sobrevivência. Esses grupos de resistência têm no cooperativismo, no comunitarismo, enfim, nos valores civilizatórios afro-brasileiros, a base de apoio para a busca de alternativas de enfrentamento às discriminações históricas que têm impossibilitado o acesso de jovens negros e negras ao ensino superior e assim oportunizar melhores condições para que possam ingressar no mercado de trabalho, tão competitivo. Tais ações de resistência fortalecem a compreensão de que as pessoas não são em si mesmas, mas são em razão da coletividade. O que em uma das línguas sul-africanas tem na palavra “umbutu” (eu sou porque nós somos) sua melhor síntese. Nesse sentido, o ecumenismo, como busca de unidade (respeitando-se a diversidade), torna-se instrumento que impulsiona ações educativas resultantes da organização de um grupo de pessoas negras, conscientes de sua negritude e das implicações que isso lhes impõe, fazendo com que se solidarizem em prol de uma causa comum: o resgate, a defesa e a promoção da história da África, através do estímulo a ações de pesquisa, a criação de espaços de promoção da construção e defesa da cidadania do povo negro, fortalecendo a identidade étnico-racial afro-brasileira. Esses têm sido os objetivos do Centro Ecumênico de Cultura Negra (CECUNE) há mais de duas décadas, em Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul.