A EPISTEMOLOGIA FEMINISTA NEGRA NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Questionando ausências
Palavras-chave:
Feminismo negro, formação docente, pedagogia, intelectuais negrasResumo
O Curso de Pedagogia surgiu no Brasil no ano de 1939 por meio do decreto-lei nº 1.190. Entretanto, antes de tal legislação, os processos de ensino-aprendizagem e formação docente no país remonta desde os Jesuítas, que por meio da catequização e da domesticação instituíram a primeira concepção pedagógica formal de educação brasileira. Tal educação era dual: havia um modelo de instrução voltado para as famílias donas de engenhos, e outro voltado para excluir e oprimir as populações indígenas e, posteriormente, as pessoas negras sequestradas de África. Desde sua gênese, a pedagogia brasileira é fundamentada em teorias e práticas de homens brancos, fato que reverbera até os dias atuais. Ao explorar a Proposta Pedagógica Curricular (PPC) dos cursos de pedagogia no país, e especificamente o da Universidade Estadual do Ceará, é possível perceber a predominância de intelectuais brancos. São nomes consagrados que, por certo, contribuem para a história da educação brasileira. Entretanto, compreendendo a relevância da Lei nº 10.639/2003 para a construção da formação docente antirracista no país, questiona-se: como construir tal formação se as perspectivas que a fundamentam não abrangem o pensamento de mulheres negras? Esta é uma das inquietações que guia o estudo em vias de realização. Para tal, será mobilizado o referencial teórico-metodológico característico da Epistemologia feminista negra insubmissa, que fundamentará o uso de conceitos e ferramentas analíticas como a autoetnografia feminista negra estudada por Rachel Griffin, a escrevivência de Conceição Evaristo, a autodefinição conceituada por Patricia Hill Collins e Lélia Gonzalez e a discussão sobre intelectualidades negras de bell hooks. Reivindicar os saberes de mulheres negras no currículo do curso de pedagogia é um movimento de valorização e reparação histórica, de reconhecer as contribuições de mulheres negras para uma educação verdadeiramente democrática, antirracista, antisexista, inclusiva e socialmente referenciada para todas as pessoas presentes nos espaços educativos do Brasil.
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