TERRITÓRIOS DA SOCIABILIDADE NEGRA E A MEMÓRIA DA DIÁSPORA AFRICANA NA MACEIÓ DO SÉCULO XIX
Palavras-chave:
Diáspora africana, Escravidão, Sociabilidade negra e cidadeResumo
Maceió passou por um intenso processo de desenvolvimento urbano ao longo do século XIX, principalmente após 1839, ano em que foi alçada como nova capital da recém-criada Província de Alagoas. A cidade era local de residência de muitos senhores de engenho, comerciantes, autoridades e políticos que se beneficiavam com a localidade do porto do Jaraguá, o qual realizava exportações de produtos como o algodão e, principalmente, a cana-de-açúcar. Como característica das cidades brasileiras oitocentistas, a presença da escravidão era marcante na vida social maceioense, tendo uma grande população de escravos, forros e africanos livres circulando diariamente pelas ruas, becos e praças, fixando-se nos arredores da cidade, desenvolvendo seus arranjos de sobrevivência, buscando contrapor-se à hegemonia dos senhores. Sendo comum encontrá-los em rodas de capoeiras e manifestações culturais como: o coco-de-roda, nas músicas de barbeiros e no lundu. Também havia inúmeros terreiros de xangô e pequenos quilombos ao redor. Este trabalho tem por objetivo adentrar no quotidiano da população negra em Maceió, visando descrever os locais da memória da diáspora africana na cidade. A população cativa se mostrava incansável em seu objetivo de transformar a cidade num esconderijo, a cidade que escondia ao mesmo tempo libertava. Desta forma, alguns bairros como Bebedouro, Trapiche e Levada detêm até hoje uma forte identidade afrodescendente, e para melhor compreende-la é fundamental estudar a Maceió do século XIX. Fundamentamos nossa pesquisa no conceito de Diáspora Negra de Stuart Hall e Paul Gilroy, e na metodologia da Hermenêutica do Quotidiano, apresentado pela historiadora Maria Odila Dias.
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