Feminismo comunitário ameríndio e espiritualidade
Cultivando r-existências
Palavras-chave:
Feminismo comunitário, Corpo-território, DecolonialidadeResumo
O presente artigo intenta provocar a reflexão acerca das relações entre as formas que as mulheres indígenas elaboram a cosmovivência do sagrado em suas vivências a partir de seus corpos-territórios. A organização coletivamente de seus modos ancestrais de resistência, inclui não apenas os corpos individuais, mas também o corpo social e o corpo da terra e esta perspectiva é a que se deseja investigar. Por considerarem a humanidade como lugar de plantio do sagrado, a partir de pressupostos onde o conceito de comunidade se estende também aos corpos não humanos, estas mulheres enunciam seus saberes a partir das fronteiras e os fazem ecoar para além das perspectivas capitalistas que em seus reducionismos, marginalizam o que não conseguem aniquilar epistemologicamente. Estas mulheres, guerreiras da ancestralidade, têm agido pelo reencantamento do mundo ao habitarem os entre-lugares onde a luta se faz de braços dados, com o canto-rezo originário nos lábios e em conexão profunda com os biomas de seus territórios e a partir deste território existencial, elas nos propõem novas lógicas de ser. Desta forma, este cultivo de si mesmas e do coletivo de maneira resistente e significativa, tem muito a colaborar para o alargamento de nossa cosmopercepção.