Nossa Senhora Aparecida
Uma reflexão sobre os paradigmas de poder, liberdade e identidade na disputa pela construção simbólica da Virgem
Palavras-chave:
Nossa Senhora Aparecida, Simbologia, Mariologia, Teologia Feminista, Teologia QueerResumo
Na presente comunicação, meu ponto de partida será analisar elementos constituintes do Nicho que guarda o símbolo tradicional de Nossa Senhora Aparecida no Santuário Nacional, à luz dos estudos de diversidade sexual e de gênero. Sob a suspeita de que esse símbolo tem sido operado de forma a legitimar uma ordem hierárquica patriarcal, isto é, decente, nos termos de Marcella Althaus-Reid, e que parece assegurar estabilidade a determinadas formas de poder e identidade, afirmarei que tal investida constrói noções de gênero e sexualidade restritivas, que podem ser (e frequentemente são) subvertidas nas formas mais espontâneas da devoção popular. Nesse sentido, perguntarei pelos tipos de poder expressos na construção do símbolo de Nossa Senhora Aparecida, bem como pelas formas de resistência que contrapõem o discurso da oficialidade. Através da Teologia Indecente, especificamente pela metodologia do Círculo Hermenêutico Libertino de Althaus-Reid, apontarei caminhos possíveis para recuperar Nossa Senhora Aparecida como um símbolo da dissidência e da não-conformidade.