ENCRUZILHADAS VIRTUAIS:
HISTÓRIAS DE POMBOGIRA, GÊNEROS DIGITAIS E QUESTÕES DE AUTORIA
Palavras-chave:
Religiosidade, Narrativas de origem, Gêneros textuaisResumo
O presente artigo pretende compreender a produção e circulação de textos da tradição oral em meios digitais e produzidos a partir das narrativas de indivíduos autoidentificados como membros nas comunidades religiosas afro-brasileiras, principalmente de Umbanda e de Candomblé, e que tematizem a origem de entidades espirituais cultuadas nessas religiões, especificamente as pombogiras, entidades femininas que representam, para muitos autores e fiéis, a importância do papel da mulher na hierarquia religiosa e nos mais diversificados estratos sociais. Parte-se dos estudos de Monique Augras e Jules Michelet para entender a importância de elementos da vida social europeia presentes em tais narrativas, ao mesmo tempo em que se busca em Jean Derive indicações da dimensão estética dos artefatos poéticos orais africanos. Recorremos também a Bakhtin na busca de apontamentos sobre os gêneros textuais e sobre a autoria, e a Marcuschi para definir aspectos dos gêneros digitais. O estudo apresenta ainda, como resultados preliminares de análise, a relação entre os problemas conexos à tensão entre as dimensões ética, estética e cognitiva, conforme a discussão inaugurada por Bakhtin, evidenciando o modo pelo qual os conteúdos buscados na vida social europeia concedem aos autores o distanciamento necessário para que a autoria, conjugada com a autoridade, possam servir a qualquer indivíduo, além de apontar para a necessidade de aprofundamento dos estudos voltados aos gêneros em questão.